sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O que a pobreza tem a ver com a sustentabilidade?

O que a pobreza tem a ver com a sustentabilidade?
Tudo!
Aliás, me lembro que no meu primeiro curso
sobre responsabilidade social
me foi ensinado que as empresas perceberam
que precisavam ser mais responsáveis
por conta da grande diferença social no mundo,
afinal uma vez que elas faziam parte do mundo
elas não poderiam se isentar de ser parte do que acontece nele.
Mesmo por que dentre as 100 maiores potências econômicas
49 são empresas (dado de 2005).
Esse discurso do nascimento da percepção
de responsabilidade social das empresas
parece muito lindo, mas de verdade
não acho que foi um momento de lucidez das empresas
em tentarem ser mais corretas ou responsáveis com suas ações.
Na minha opinião, diante de tudo que já vi por ai sobre o assunto,
a coisa é bem mais perversa,
se é que essa é a palavra mais adequada.
Não é de hoje que todo mundo sabe que a população
que mais cresce é a de menor renda,
também não é de hoje que a cada dia que passa
a riqueza se concentra mais e mais,
o que as empresas pensaram?
“Poxa, eu preciso vender mais,
mas a população que eu vendo não cresce mais,
ou seja, a tendência das minhas vendas a longo prazo é diminuir.”
Por mais que se possa aumentar
o preço dos produtos para compensar essa perda
isso não vai fazer o número de vendas aumentar.
Qual a saída?
Tentar incluir a população mais pobre
numa faixa maior de renda
para que se possa vender para ela,
ou então criar produtos mais acessíveis
para que a população que até então não tinha acesso
possa comprá-los.
Ai, usamos um discurso de responsabilidade social,
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável
o que deixa tudo mais bonito e aceitável.
Perverso, né?
Mas o nosso sistema econômico é isso,
ele não leva em consideração
se teremos recursos e energia para tudo isso.
O objetivo é sempre crescer sempre e mais,
não importa qual custo, se social, ambiental,
moral ou qualquer outro.
Desde o início até hoje sou muito mais cética
em relação a ação das empresas,
admiro e elogio algumas, critico outras.
Algumas podem até ter um genuíno compromisso
com a sustentabilidade,
mas infelizmente o mercado ainda não entendeu isso.
Vide a crise imobiliária americana que emprestou dinheiro
para qualquer um sem qualquer critério
(contando parece até brincadeira de criança
ver que o problema foi só esse).
O mundo vai continuar com muita
e muita pobreza enquanto acreditarmos que só produzir
e consumir vão resolver todos os problemas.
Afinal o que define a pobreza das pessoas
é a escassez de recursos básicos para a vida
(água, comida, casa, trabalho, lazer)
e não a marca do carro,
o modelo do celular, a televisão de lcd,
a quantidade de comida industrializada
que ela consegue comprar
ou a quantas roupas e sapatos ela tem.
Posso ter sido muito pragmática
(ou ignorante mesmo),
mas fui procurar em vários dicionários
a definição de poverty
eu estava na dúvida de como traduzir,
se por pobreza ou miséria.
Depois de consultar o dicionário de Oxford,
Cambridge e o Aurélio,
cheguei a conclusão que a melhor tradução para poverty
é pobreza mesmo.
Miséria está muito mais relacionado
à avareza do que a falta de recursos.
(recebido via e-mail s/autor)

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