quinta-feira, 10 de julho de 2008

TEILHARD DE CHARDIN...




o “nada” de que tudo foi tirado,
significava a “multiplicidade pura”,
a indiferenciação absoluta.
Deus tirou o mundo do nada
dando unidade a seres particulares,
na sua multiforme diferença.
Sendo Deus a unidade pura,
deu aos seres participar de sua unidade,
em si mesmos,
e tenderem sempre para unidades mais amplas,
pois todo o movimento de subida,
que Deus imprimiu nos seres desde o começo,
é um movimento de “convergência”,
como declara no seu aforismo que tudo sintetiza:
“Tudo o que sobe, conver ge”.
O texto místico mais importante de Teilhard é
“A Missa sobre o mundo”
que Teilhard fez quando estava no deserto de Ordos, (China)
numa expedição científica e não tinha condições de celebrar
a missa na festa da Transfiguração
que ele particularmente amava.
Para ele, a presença de Cristo na Eucaristia
transbordava da hóstia sobre o mundo.
“Para além da hóstia transubstanciada,
a operação sacerdotal se estende ao cosmo inteiro”.
“A transubstanciação se expande em uma divinização real,
embora atenuada, de todo o universo.
Do elemento cósmico onde está inserido,
o Verbo age para subjugar e assimilar a si todo o universo”.
“A Eucaristia opera, além da transubstanciação do pão,
o crescimento do Corpo místico,
e a Consagração de todo o cosmo”.
O texto é de grande vibração mística e de muita beleza literária.
Vejamos seu começo:
“Senhor, já que uma vez ainda,
não mais nas florestas da França,
mas nas estepes da Ásia,
não tenho pão, nem vinho, nem altar,
eu me elevarei acima dos símbolos até à pura majestade do Real,
e vos oferecerei, eu, vosso sacerdote,
sobre o altar da terra inteira,
o trabalho e o sofrimento do mundo”.
“O sol acaba de iluminar, ao longe,
a franja extrema do primeiro oriente.
Mais uma vez, sob a toalha móvel de seus fogos,
a superfície viva da Terra desperta, freme,
e recomeça seu espantoso trabalho.
Colocarei sobre minha patena, meu Deus,
a messe esperada desse novo esforço.
Derramarei no meu cálice a seiva de todos
os frutos que hoje serão esmagados.
“Meu cálice e minha patena, são as profundezas de
uma alma largamente aberta a todas as forças que,
em um instante,
vão elevarse de todos os pontos do Globo e
convergir para o Espírito”.
“Outrora, carregava-se para vosso Templo
as primícias das colheitas e a flor dos rebanhos.
A oferenda que esperais agora,
aquela de que tendes misteriosamente necessidade cada dia,
para aplacar vossa fome,
para acalmar vossa sede,
não é nada menos do que o crescimento do mundo
impelido pelo devir universal”.
“Recebei. Senhor,
essa hóstia total que a criação,
movida por vossa atração,
vos apresenta na nova aurora”.
Paulo Meneses

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